Vicente, “Tio Vicente”,

Vicente, filho mais velho, nasceu em 1903. Desde cedo, destacou-se como líder e esteve envolvido nas relações entre os pais e os irmãos. Na loja da família, teve um papel fundamental, sendo a presença constante enquanto os irmãos cursavam a universidade.

Nos anos 1930, viajou diversas vezes à Itália, passando longos períodos em Vibonati. Essas experiências renderam histórias que ele contaria pelo resto da vida. Bailes, corridas de barco, festas de Santo Antônio Abate eram alguns dos momentos que seus filhos e sobrinhos adoravam ouvir. O refrão que sempre pediam era: “Viagem à Itália, livro três, capítulo 5, versículo 56, por favor!”.

Casou-se no início dos anos 1930 com Maria Carolina Ribeiro, conhecida como Tia Lili. Juntos, tiveram dois filhos, Benedito e Antônio.

Com os filhos morando no Rio de Janeiro a partir dos anos 1950, Vicente permaneceu em Maceió. Após a morte de sua mãe, em 1953, tornou-se proprietário da Casa Gerbase.

Carismático, bom orador e excelente dançarino, Vicente era uma figura cativante. Sua grande religiosidade o levou a se envolver ativamente com a Igreja local.

Sempre exerceu, com maior ou menor sucesso, uma autoridade paternalista sobre sua irmã e irmãos. Em algumas ocasiões, houve conversas acaloradas, mas todas eram resolvidas pelo grande afeto entre eles. Sua liderança jamais causou rupturas na família. Pelo contrário, era um ponto de união, mesmo que cada um seguisse sua vida de forma independente.

Em momentos de crise, sua presença era constante. Quando seu irmão José teve episódios de cálculo renal, Vicente voou para Porto Alegre, esteve ao seu lado na sala cirúrgica, distraiu os sobrinhos dançando enquanto José estava no hospital e até sugeriu reformas na casa.

Com grande experiência de vida, soube aproveitá-la ao lado da sabedoria e serenidade de sua esposa Lili.

Apaixonado por cinema, em 1965, riu até chorar junto com os sobrinhos Zeca e Tonho ao assistir "Deu a Louca no Mundo" na matinê do Cinema Imperial.

Na formatura da sobrinha Maria, em Porto Alegre, surpreendeu a todos ao comandar uma roda de carnaval no baile, interagindo animadamente com as amigas dos sobrinhos.

Era radioamador – PY7IN – e garantia comunicação constante entre Maceió e Porto Alegre, conectando-se com a família de José, no último andar do Hotel São Luís, do Sr. Welpy, no início da Avenida Farrapos.

Nas décadas de 1970 e 1980, recebeu inúmeras visitas da família, sempre acolhendo, aconselhando e mantendo seu entusiasmo pela vida.

Com a partida de sua esposa Lili, sua grande companheira, Vicente perdeu o interesse em permanecer entre nós. Logo depois, partiu, deixando uma imensa e afetuosa lembrança para todos que o conheceram.